FM040 - A Lucinda Camareira (Fernando Maurício)
A Lucinda Camareira
A Lucinda camareira, Era a moça mais ladina
Mais formosa, mais brejeira, Do café da Marcelina
De maneira graciosa, Sobre o lindo penteado
Trazia sempre uma rosa, Cor de rosa avermelhado
Eu vivi enfeitiçado, Por aquela feiticeira
Que airosamente ligeira, Servia de mesa em mesa
Tinha feições de princesa, A Lucinda camareira
Primando pela brancura, O seu avental de folhos
Realçava-lhe a negrura, Encantadora dos olhos
Nem desgostos nem abrolhos, Sofrera desde menina
Que apesar de libertina, Orgulhosa e perturbante
No velho café cantante, Era a moça mais ladina
Os marialvas em tipóias, Iam da baixa num salto
Ver a mais linda das jóias, Ao café do bairro Alto
A camareira que exalta, De tão singular maneira
Era amada pela cegueira, Que a palavra amor requer
Para mim era a mulher, Mais formosa e mais brejeira
Certa noite de fim d’ano, Em que certo cantador
Cantava ao som do piano, Cantigas feitas de amor
Um cigano alquilador, De tês bronzeada e fina
Por afortunada sina, A Lucinda conquistou
E para sempre a levou, Do café da Marcelina
Fado Mouraria Bailarico (D. R. – Popular) [correcção Anónimo]