FM018 - O Leilão da Casa da Mariquinhas (Fernando Maurício)
O Leilão da Casa da Mariquinhas
Ninguém sabe dizer nada, Da formosa Mariquinhas
A casa foi leiloada, Venderam-lhe as tabuinhas
Inda fresca e com gagé, Encontrei na Mouraria
A antiga Rosa Maria, E o Chico do Cachené
Fui-lhes falar, já se vê, E perguntei-lhes, de entrada
P’la Mariquinhas coitada? Respondeu-me o Chico: e vê-la
Tenho querido saber dela, Ninguém sabe dizer nada.
Então as suas amigas? A Clotilde, a Júlia, a Alda
A Inês, a Berta, a Mafalda? E as outras mais raparigas?
Aprendiam-lhe as cantigas, As mais ternas, coitadinhas
Formosas como andorinhas, Olhos e peitos em brasa
Que pena tenho da casa, Da formosa Mariquinhas
Então o Chico apertado, Com perguntas, explicou-se
A vizinhança zangou-se, Fez-lhe um abaixo assinado
Diziam que havia fado, Ali até madrugada
A pobre foi intimada, A sair, foi posta fora
E por mor duma penhora, A casa foi leiloada.
O Chico fora ao leilão, Arrematou a guitarra
O espelho a colcha com barra, O cofre-forte e o fogão
Como não houve cambão, Porque eram coisas mesquinhas
Trouxe um par de chinelinhas, O alvará e as bambinelas
E até das próprias janelas, Venderam-lhe as tabuinhas.
Ninguém sabe dizer nada, Da formosa Mariquinhas
A casa foi leiloada, Venderam-lhe as tabuinhas
Inda fresca e com gagé, Encontrei na Mouraria
A antiga Rosa Maria, E o Chico do Cachené
Fui-lhes falar, já se vê, E perguntei-lhes, de entrada
P’
Tenho querido saber dela, Ninguém sabe dizer nada.
Então as suas amigas? A Clotilde, a Júlia, a Alda
A Inês, a Berta, a Mafalda? E as outras mais raparigas?
Aprendiam-lhe as cantigas, As mais ternas, coitadinhas
Formosas como andorinhas, Olhos e peitos em brasa
Que pena tenho da casa, Da formosa Mariquinhas
Então o Chico apertado, Com perguntas, explicou-se
A vizinhança zangou-se, Fez-lhe um abaixo assinado
Diziam que havia fado, Ali até madrugada
A pobre foi intimada, A sair, foi posta fora
E por mor duma penhora, A casa foi leiloada.
O Chico fora ao leilão, Arrematou a guitarra
O espelho a colcha com barra, O cofre-forte e o fogão
Como não houve cambão, Porque eram coisas mesquinhas
Trouxe um par de chinelinhas, O alvará e as bambinelas
E até das próprias janelas, Venderam-lhe as tabuinhas.
Fado Corrido – (D.R. / Linhares Barbosa)
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